Por: Silvio R. Santos.
Faleceu nesta segunda feira próxima passada, o pintor Lisboa (Antônio Vieira Ferreira). Nascido em Quixadá em 1943, Lisboa, pelo tempo que esteve vivendo em Canindé, e pelo que representou para as artes plásticas, da década de oitenta em diante, teria merecido, com larga folga, o título de cidadão canindeense que jamais lhe foi outorgado. Trabalhador braçal que ousou manipular camartelo, pinceis e tinta, foi descoberto por Heloisa Juaçaba, notória pintora cearense. Segundo o poeta Gonzaga Vieira, Lisboa foi único a obter duas vezes o prêmio Antônio Bandeira, por vencer salões famosos como o Salão de Abril. Talvez desconhecido seja o trabalho de restauração que realizou no Painel de São Francisco, conforme declaração a mim feita pelo artista em agosto de 2011. Seus quadros, após conhecidos pelos donos de galeria, hoje adornam paredes nacionais e internacionais. Guardo recordações de Lisboa da década de oitenta, quando das reuniões de um grupo intelectualizado que planejou-se chamar PROARCTICA (sic) - Projeção Artística Canindeense. Nesse grêmio pontificaram Augusto César Magalhães, Arievaldo Viana, Klévisson Viana. Mago Marginal (Salvino), Ant Lopes, Uiarete Paiva e outros não menos memoráveis. Desses encontros foi urdido um estatuto cujo rigor resultou na sua não realização. De forma alguma poderia esgotar aqui os vários aspectos de sua biografia. Talvez, então, para isto sirvam os necrológios. Para sinalizar que alguém deixou uma obra, que, costumeiramente, com a ausência definitiva do autor, passar a ter mais e melhor atenção.